sexta-feira, 29 de junho de 2018
Tudo que queria era um abraço. O sentimento de solidão batia e chegava a enlouquecer. Queria poder compartilhar da vida, do cotidiano, dos problemas no trabalho, dos sonhos em construção. Queria poder brindar com amor e com afeto à vida. Tentava se esforçar para gostar de si mesma. Tentativas em vão. O desejo de se sentir querida era maior.
Durante muitos anos viveu no medo. Como num quarto escuro. Não. Como em um porão escuro. Sentia vontade de conhecer a luz do dia. Sentia medo e o medo a paralisava. Andar sozinha parece missão impossível. A luz cega. A dor é maior. Tentou caminhar, mas parava na porta. Queria sair. Não conseguia.
Lembrava de seus movimentos e das dores vividas. Não tinha mais forças para viver aquilo tudo novamente. Saía às ruas e via os casais felizes, os amigos sorrindo e entendia que aquilo não era o seu lugar. Não tinha mais assuntos com os amigos. Não tinha mais nada para compartilhar. Queria falar de si, da vida, das ideais. Mas tudo isso era sempre inconveniente. Poderia passar a noite conversando, mas a solidão a fazia falar com as paredes.
Queria explicar a angústia que o trabalho a causava, a dificuldade de lidar com tamanha violência, a percepção que tinha da lógica punitivista que a cercava. Ninguém se interessava por isso. Para todos havia um quê de loucura em suas palavras. Talvez fosse mesmo louca. Era tudo tão natural para todo mundo! E ela ali, perdida naquele caminhar.
Sua vontade era correr, fugir. Era provar ao mundo que estava certa, que não era louca. Mas ninguém queria saber. Todos estavam felizes com suas vidas. Se sentia imatura e sozinha. Se sentia mal em todos os espaços que vivia. Era um peso, um incômodo.
Sentia medo do pai de sua filha. Ninguém entendia porquê. Via que ele era capaz de fazer qualquer coisa, pelos mais diversos meios e violências. Ninguém acreditava. Ele fazia. Ela tentava mostrar. Devia seguir sua vida.
Queria compartilhar com alguém a sua dor. Era demasiada para qualquer um. Queria um abraço. Se sentir acolhida e amada. Nem pensava mais em sexo. Isso não fazia mais parte de seus desejos. Se sentir desejada com mulher não tinha mais espaço nem nas fantasias mais remotas. Queria um carinho, uma palavra.
Lutando contra a vontade de ter alguém tentava seguir. O mais importante era um trabalho menos pior. O mais importante, depois, era não atrapalhar mais as pessoas com suas dores.
Aprender a ficar só... Talvez fosse o momento de aprender isso. Ou aprender a conviver sem medo com as pessoas. Ou, quem sabe, ir embora.
As pessoas são leves e felizes.
As pessoas sabem dançar e não precisam beber para conviver no mundo.
As pessoas têm assunto.
As pessoas têm trabalhos legais.
As pessoas têm amigos.
São lembradas. São cuidadas. São queridas.
Ela só atrapalhava. Todos dançando e ela queria conversar... Só assunto chato.
Sempre arrumou um casinho para tapar esse buraco. Não tinha nem mais isso.
As pessoas recebem abraços.
Eu não.
Durante muitos anos viveu no medo. Como num quarto escuro. Não. Como em um porão escuro. Sentia vontade de conhecer a luz do dia. Sentia medo e o medo a paralisava. Andar sozinha parece missão impossível. A luz cega. A dor é maior. Tentou caminhar, mas parava na porta. Queria sair. Não conseguia.
Lembrava de seus movimentos e das dores vividas. Não tinha mais forças para viver aquilo tudo novamente. Saía às ruas e via os casais felizes, os amigos sorrindo e entendia que aquilo não era o seu lugar. Não tinha mais assuntos com os amigos. Não tinha mais nada para compartilhar. Queria falar de si, da vida, das ideais. Mas tudo isso era sempre inconveniente. Poderia passar a noite conversando, mas a solidão a fazia falar com as paredes.
Queria explicar a angústia que o trabalho a causava, a dificuldade de lidar com tamanha violência, a percepção que tinha da lógica punitivista que a cercava. Ninguém se interessava por isso. Para todos havia um quê de loucura em suas palavras. Talvez fosse mesmo louca. Era tudo tão natural para todo mundo! E ela ali, perdida naquele caminhar.
Sua vontade era correr, fugir. Era provar ao mundo que estava certa, que não era louca. Mas ninguém queria saber. Todos estavam felizes com suas vidas. Se sentia imatura e sozinha. Se sentia mal em todos os espaços que vivia. Era um peso, um incômodo.
Sentia medo do pai de sua filha. Ninguém entendia porquê. Via que ele era capaz de fazer qualquer coisa, pelos mais diversos meios e violências. Ninguém acreditava. Ele fazia. Ela tentava mostrar. Devia seguir sua vida.
Queria compartilhar com alguém a sua dor. Era demasiada para qualquer um. Queria um abraço. Se sentir acolhida e amada. Nem pensava mais em sexo. Isso não fazia mais parte de seus desejos. Se sentir desejada com mulher não tinha mais espaço nem nas fantasias mais remotas. Queria um carinho, uma palavra.
Lutando contra a vontade de ter alguém tentava seguir. O mais importante era um trabalho menos pior. O mais importante, depois, era não atrapalhar mais as pessoas com suas dores.
Aprender a ficar só... Talvez fosse o momento de aprender isso. Ou aprender a conviver sem medo com as pessoas. Ou, quem sabe, ir embora.
As pessoas são leves e felizes.
As pessoas sabem dançar e não precisam beber para conviver no mundo.
As pessoas têm assunto.
As pessoas têm trabalhos legais.
As pessoas têm amigos.
São lembradas. São cuidadas. São queridas.
Ela só atrapalhava. Todos dançando e ela queria conversar... Só assunto chato.
Sempre arrumou um casinho para tapar esse buraco. Não tinha nem mais isso.
As pessoas recebem abraços.
Eu não.
Esquece. Esquece. Esquece. Esquecer.
Ignorar. Apagar. Abafar. Negar.
Esquece. Esquece.
Não sentir.
Sonhar destrói o coração.
Esquece.
Não importa. Nada importa.
É da vida. Acontece. Só um papo.
Esquece. Esquece. Esquece.
Tudo não passa de construção social. Cultural.
Não é essência. Não faz sentido.
Esquece.
Deseje o bem.
O resto deixa para lá...
Ignorar. Apagar. Abafar. Negar.
Esquece. Esquece.
Não sentir.
Sonhar destrói o coração.
Esquece.
Não importa. Nada importa.
É da vida. Acontece. Só um papo.
Esquece. Esquece. Esquece.
Tudo não passa de construção social. Cultural.
Não é essência. Não faz sentido.
Esquece.
Deseje o bem.
O resto deixa para lá...
complexos e contradições.
Me sinto só. E absolutamente incapaz de seduzir alguém. Faz tanto tempo que não tenho ninguém que já não sei como é. Queria um abraço. Não sinto mais falta de sexo, mas de carinho. Queria ter alguém com quem conversar e compartilhar a vida. Mas se saio me sinto absolutamente impotente para pensar em começar a seduzir alguém. Fico só. Triste. Choro. Volto para casa pior do que quando fico presa na minha solidão.
Queria um abraço.
Sou tão chata e feia assim???
Me sinto só. E absolutamente incapaz de seduzir alguém. Faz tanto tempo que não tenho ninguém que já não sei como é. Queria um abraço. Não sinto mais falta de sexo, mas de carinho. Queria ter alguém com quem conversar e compartilhar a vida. Mas se saio me sinto absolutamente impotente para pensar em começar a seduzir alguém. Fico só. Triste. Choro. Volto para casa pior do que quando fico presa na minha solidão.
Queria um abraço.
Sou tão chata e feia assim???
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